A evolução das técnicas e das tecnologias para todo e qualquer procedimento cirúrgico acelera a proliferação das mais variadas formas e propostas. Uma das mais comentadas do momento é a Earfold.
Muitas vezes, promessas de resultados quase milagrosos mexem com o inconsciente e podem induzir as pessoas a tomarem decisões precipitadas, capazes de gerar danos e transtornos para o resto da vida. No âmbito da otoplastia, isso certamente ocorre.
Há uma variação de técnicas, todas geralmente seguras, com resultados satisfatórios, claro, quando conduzidas por cirurgiões experientes. No entanto, o Earfold está causando burburinho e chamando a atenção dos candidatos à otoplastia e da comunidade médica brasileira.
Entenda o que é o Earfold
Trata-se de um implante que promete corrigir a forma estética das orelhas. A estrutura é fabricada com uma liga metálica de nitinol. O implante é revestido com ouro 24 quilates de tipo biocompatível, o que evita com que a peça fique visível através de pele fina da orelha.
De acordo com o Dr. Mauro Speranzini, cirurgião plástico referência internacional em otoplastia, vale um alerta. Ele relata, por exemplo, que nos últimos 600 procedimentos que realizou, somente em cerca de 30 casos o foco era a correção da má-formação da antélice, única estrutura indicada para correção por meio de um implante de Earfold, ou seja, menos de 2% dos casos.
Pontos negativos da técnica e o parecer da ANVISA
Ele também chama a atenção para o fato de que o Earfold requer a introdução de uma peça no corpo e que, para isso, precisa receber a aprovação e atender as normas técnicas da ANVISA, órgão regulador responsável pela regulação nesses casos, o que ainda não ocorreu na íntegra. “Esse implante não permite ajustes para deixar a orelha um pouco mais aberta ou mais fechada. Além dos riscos naturais de se introduzir um material no corpo, o Earfold geralmente provoca a forma estética de ‘orelhas em telefone’. Também há projeção residual das estruturas não corrigidas, como o lóbulo e o terço superior das orelhas, condição não desejada pelos pacientes. Portanto, é preciso se atentar a esse detalhe antes de embarcar nessa nova “solução milagrosa”.
É fundamental ressaltar o quanto, de fato, o sistema Earfold pode reduzir o efeito das orelhas de abano. Nesse sentido, é importante destacar que, conforme estudos clínicos, os implantes Earfold podem ser responsáveis pela redução de, no máximo, 37% da proeminência das orelhas. Trata-se de um percentual muito baixo quando comparado aos números das cirurgias realizadas no modelo tradicional.
Sempre procure um profissional capacitado e adequado para investigar a recomendação de uso do Earfold. Lembre-se de que existem outras técnicas e alternativas que variam de caso para caso. Dessa forma, você assegura seu investimento e principalmente seus resultados, sempre optando pelo que há de melhor na medicina estética.
