Os cabelos são uma espécie de marca registrada das pessoas. O corte, a densidade, o tom e a cor, por exemplo, dizem muito sobre a personalidade de cada indivíduo. A queda progressiva ou acelerada dos cabelos exerce desconforto e provoca sofrimento em quem enfrenta o problema. A calvície androgenética e a areata são as mais recorrentes. Entenda as particularidades de cada uma.
Calvície androgenética
A calvície androgenética não é uma doença. Trata-se de uma característica física. Quem a tem, foi destinado a perder cabelo no dia em que foi concebido. Normalmente ela se apresenta por meio de uma perda lenta e progressiva e ocorre principalmente nos homens.
Existem diversos padrões de perda e é frequente uma mistura de padrões. A evolução geralmente é lenta, mas pode haver períodos alternados de grandes perdas e estabilização temporária. A consequência pode ou não estar associada à seborreia (oleosidade).
No couro cabeludo, a testosterona é convertida pela enzima “5-alfa redutase” em outro andrógeno chamado “dihidrotestosterona (D.H.T.).” A D.H.T., nas regiões geneticamente sensíveis, torna o fio menor a cada ciclo de vida (mais curto, mais fino, e mais claro). Este processo é chamado de miniaturização. O fio miniaturizado diminui de tamanho até parar de nascer.
A genética da calvície androgenética é muito complexa e até o momento é parcialmente entendida. Sabe-se que a herança dos genes pode vir de qualquer lado da família e estes genes podem afetar de forma diferente cada membro da família”, explica Dr. Mauro Speranzini, um dos maiores especialistas do mundo em transplante de pelos.
Provavelmente há vários genes em diferentes cromossomos que estão envolvidos, sendo que alguns certamente são dominantes. Perder cabelo já na puberdade sinaliza para grandes calvícies, sendo que nestes casos, a perda pode ser muito rápida no início. O processo nunca cessa, mas a velocidade tende a diminuir após alguns anos. A perda no início da maturidade dificilmente leva a grandes áreas calvas.
É impossível dizer, ao certo, como será a perda em qualquer momento da vida de uma pessoa, mas a história familiar pode ser um bom parâmetro. Alguém mais velho na família que tenha um padrão semelhante, inclusive com relação à idade de início da queda, pode ser um bom indicativo do seu prognóstico. Em resumo, níveis normais de andrógeno causam a miniaturização progressiva e perda do próprio cabelo se houver predisposição genética para calvície androgenética.
O padrão mais comum nos homens é a formação de “entradas” na fase mais inicial, seguida de perda de cabelo na região da “coroa”. Com a progressão da calvície, há uma confluência das áreas calvas que resulta na perda de toda cobertura superior. É frequente haver uma combinação de padrões numa mesma pessoa.
A calvície androgenética nas mulheres acomete, principalmente, a região frontal ou linha média do couro cabeludo, sendo descrito como padrão em “árvore de natal”. As mulheres com calvície androgenética têm níveis normais de andrógenos. No caso de níveis androgênicos aumentados, como na Síndrome dos Ovários Policísticos e com o uso de esteróides anabolizantes, normalmente há outros sinais e sintomas como o crescimento de pelos pelo corpo, aparecimento ou piora da acne e alteração da menstruação.
Calvície areata
Já a calvície ou alopecia areata é uma doença inflamatória, que provoca a queda de cabelo. Diversos fatores estão envolvidos no seu desenvolvimento, como a genética e a participação autoimune. Os fios começam a cair resultando mais frequentemente em falhas circulares sem pelos ou cabelos. A extensão dessa perda varia, sendo que, em alguns casos, poucas regiões são afetadas. Em outros, a perda de cabelo pode ser maior.
Há casos raros de alopecia areata total, nos quais o paciente perde todo o cabelo da cabeça; ou alopecia areata universal, na qual caem os pelos de todo o corpo. A alopecia areata não é contagiosa.
Fatores emocionais, traumas físicos e quadros infecciosos podem desencadear ou agravar o quadro. A evolução da alopecia areata não é previsível. O cabelo sempre pode crescer novamente, mesmo que haja perda total. Isto ocorre porque a doença não destrói os folículos pilosos, apenas os mantêm inativos pela inflamação. Entretanto, novos surtos podem ocorrer. Cada caso é único. Estudos sugerem que cerca de 5% dos pacientes perdem todos os pelos do corpo.
A alopecia areata não possui nenhum outro sintoma além da perda brusca de cabelos, com áreas arredondadas, únicas ou múltiplas, sem demais alterações. A pele é lisa e brilhante e os pelos ao redor da placa saem facilmente se forem puxados. Os cabelos, quando renascem, podem ser brancos, adquirindo posteriormente sua coloração normal. A forma mais comum é uma placa única, arredondada, que ocorre geralmente no couro cabeludo e barba, conhecida popularmente como pelada.
Outras doenças autoimunes podem acontecer em alguns pacientes, como vitiligo, problemas da tireoide e lúpus eritematoso, por exemplo. Portanto, muitas vezes se faz necessária a reavaliação de exames de sangue. O principal dano aos pacientes é mesmo o psicológico. A interferência na rotina diária nos casos mais extensos pode prejudicar a qualidade de vida.